sábado, 20 de novembro de 2010

Hope.



Ela era tao pequena que me assustou. De fato , ganhei uma cachorrinha que não queria e isso soa assustador pela falta de sensibilidade da minha parte. Mas eu vou contar a historia de um cadela que recebeu um nome incrivel. Esperança.
Ela foi o ÚLTIMO presente que desejei ganhar no meu aniversário. E chegou cheia de carrapatos na sua idade de 40 dias, heranca da mãe.
Não havia nela nenhum tipo de atrativo: sua pelagem não era sedosa e quando perguntei se era necessário ír ao veterinário vermifugar, a resposta era que não era necessário, ela sobreviveria de qualquer forma.
Foi o inicio da sobrevivência dela.
Eu estava em plena reabilitação emocional, e um cachorro exige uma dedicação enorme nos seus cuidados.
Eu nào estava disposta a isso. Então a Hope enfrentou sua primeira batalha : a rejeição da sua dona.
Tentei devolver o presente várias vezes, então acabei doando ao meu padrasto e a minha mãe, pq eu sei que estavam melhores em recebê-la.
Então ela começou a deixar suas fezes ao redor da casa, a beber leite no potinho, a caminhar pelo mundo totalmente novo. E a chorar a noite para entrar no quarto. E toda vez que ela me via, ela abanava o rabinho, na maior alegria do mundo. 
De tudo que a Hope precisa, iniciando por sua visita ao Veterinário e ao pet shop para a retirada urgente de todas as suas pulgas ou carrapatos ou sei lá o quê, o que ela acha mais importante é ter um par de pernas sempre por perto, para morder e para se aconchegar, e ela não se importa se vão pegá-la no colo, lhe fazer carinho. O mais importante pra ela é o calor humano. Independente de como ele venha.
Nos primeiros dias, a Hope teve acesso livre a casa toda, conheceu seus novos companheiros de vida: Wanda e Louro. Seus pais, sua prima e sua irmã. Até a mulher que esta trabalhando aqui em casa. E quem chegava , a conhecia e ela começou a batizar todos com suas mordidas nos pés. E todos de fora a achavam linda, mas o que limpam suas fezes e xixi não pensavam da mesma forma.
Então a Hope enfrentou sua segunda batalha : o limite.
Ela conheceu a grade que a prende na cozinha, e que não a permite andar pela casa toda, e mais choro e lagrimas para Hope. E na sua esperteza em burlar o choro, passou a achar uma maneira de pular,empurrar, a grade e muitas vezes se machucava tentando em vão se livrar da solidão e do escuro que a cercava.
Ela começou a adaptar-se a rotina da casa: de dia um milhao de vozes, histórias, risos , brigas , a noite, o silêncio, a calmaria. E a vontade de encontrar um par de pernas.
Quando íamos dormir , deixávamos a Hope na cozinha. E quando acordávamos, ela surgia no mais doce sono na porta do quarto da minha mãe.
Quando se sentia só na madrugada, ela buscava uma saída então usava de toda sua inteligência, empurrava a grade, se machucava mas conseguia dormir do lado de fora de um quarto com o calor humano que ela precisava.
Foi quando a Hope precisou aprender que NÃO PODIA fazer certas coisas.
Foi a terceira batalha.
O não ultrapasse fez a Hope se desesperar, e com o passar dos dias ela começou a se acostumar com a nova vida regrada, com o tempo mais curto e com as coisas que possuia.

Continua..